OS BASTIDORES DOS PRIMÓRDIOS DO ULTIMATE, QUE COMPLETOU 20 ANOS
Por Tatame
Redação, Rio de Janeiro
*Após completar 20 anos da realização do primeiro UFC - ocorrido em 12 de Novembro de 1993 – e muitos dos atuais fãs de MMA seguirem a corrente do ”Mito Zuffa “, em detrimento da gestão anterior, vou dedicar este artigo à apresentação dos verdadeiros pioneiros no quesito de empreendedorismo de MMA da era moderna, à época, ainda chamado de NHB (No Holds Barred).
A história tem sido particularmente injusta com estes dois nomes, e não podemos deixá-los cair no esquecimento: Art Davie e Bob Meirowitz. Art Davie é um executivo e publicitário que teve seu primeiro contato com as fitas “Gracie in Action” quando trabalhava para a conceituada revista Black Belt. Ele, então, fez parte da WOW (War of Worlds – título inicialmente cotado para o UFC) e que, obviamente, praticou Jiu-Jitsu com Rorion Gracie e conheceu John Milius, o diretor de filmes de ação que desenhou o formato do octógono para a primeira edição do UFC.
Art, Rorion e John seguiram com a ideia adiante mesmo depois das dispensas por parte da HBO e Showtime. Juntou-se ao trio ainda Campbell McLaren, até que eles se uniram à SEG (Semaphore Entertainment Group – criada no final de 1980 ), empresa co-criadora do Ultimate, já que este foi um dos primeiros grupos a desenvolver conteúdo para Pay-Per-View.
Art foi de suma importância, pois estava no comando do corpo de sanção do UFC pela UFA, visto que este não era sancionando pelas Comissões Atléticas Estaduais, e enquanto isso, eles chegaram a cogitar a realização do UFC 1 no Rio de Janeiro, mas acabaram optando pelo Colorado.
Já Robert “Bob” Meirowitz foi o criador do programa de rádio King Biscuit Flower Hour. Ele era o Presidente da SEG. O “Mito Zuffa” (leia-se Dana White e os irmãos Fertitta), do qual falei anteriormente, é uma tentativa de minimizar totalmente todas as etapas empreendidas por Bob para o desenvolvimento do esporte, já que este moveu todas as peças (inicialmente) para a sanção do evento pelas Comissões Atléticas Estaduais. Ele ainda era o dono quando o UFC 28, primeiro a ser sancionando por uma comissão – New Jersey State Athletic Control Board -, fato que o fez sonhar com as milionárias bolsas e apostas de Las Vegas.
Las Vegas, aliás, foi motivo também para o começo das discórdias entre Art e Bob. Cansado de esperar pela regulação do esporte pelas Comissões Atléticas, Art começou a armar a realização de lutas em Las Vegas com outro promotor para começar uma nova franquia à parte do UFC e foi sumariamente demitido por Bob, quando este tomou conhecimento do esquema.
A saída de Art, em dezembro de 1997, foi sentida até mesmo pelos políticos opositores do esporte – já que estes queriam regras -, e isso ficaria cada vez mais difícil longe de qualquer corpo de sanção. Como vingança por ter sido demitido, Art (que na época ficou taxado como o “Judas do UFC”), assinou com o K-1 (maior evento de trocação do planeta, cuja sede era no Japão), para ajudá-los a promover algumas edições em Las Vegas – a organização japonesa já visava ao mercado norte-americano.
Mas golpe baixo mesmo foi Art ter se aproveitado da morte de Douglas Dedge, em um evento em Kiev, na Ucrânia, para procurar vários programas da grande mídia, e bradar que tinha reconhecido que o UFC não era um esporte e deveria ser banido da América. (Na realidade o lutador Douglas Dedge não obtinha sua licença para lutar na América por seu histórico de desmaios e convulsões).
Contudo, por já não estar mais disponível em cerca de 80% do Pay-Per-View avaliável (um dos motivos da campanha anti-UFC na América à época ), a maior parte da grande mídia ignorou essa nova cruzada iniciada por Art Davie.
Mas não Bob Meyrowitz. Após rebater as acusações do seu outrora sócio, ele designou Jeff Blatnick como novo “commissioner” para enfrentar os problemas políticos e cuidar dos assuntos regulatórios. Foi Jeff – um campeão olímpico de Wrestling com muito prestígio no país – o primeiro a criar um órgão que daria uma nova cara ao esporte com a criação do Mixed Martial Arts Council.
Depois, a Zuffa comprou o UFC, e a história é bem conhecida por todos daí para a frente. O que poucos sabem é que em 1999 (portanto, ainda dono do UFC ) Meyrowitz criou a Eyada.com, a primeira estação de rádio pela internet na qual seu bom amigo Eddie Goldman – jornalista pioneiro na cobertura do UFC na América – tinha um programa de entrevistas totalmente dedicado ao MMA.
Reza a lenda que, após vender o UFC, Meyrowitz teria partido para Porto Rico ou Alabama para realizar competições de lutas bem longe da chancela das Comissões Atléticas Estaduais.
Mas ele voltaria atrás e trabalharia com as Comissões novamente, já que, no dia 11 de abril de 2008, realizou a única edição até hoje do seu novo evento público de MMA, o YAMMA Pit Combat.
Quanto a Art Davie, depois de ter pago o seu carma – foi confundido pelos fãs de MMA como Art Dore, fundador dos eventos Toughman -, tornou-se produtor executivo da Mandalay Sports Entertainment, em 2003, e virou vice-presidente de televisão da Paradigm Entertainment Group, em 2006.
Atualmente, seu novo empreendimento é o XARM – esporte híbrido que combina Luta de Braço e MMA. Ele voltou atrás com o UFC e se sente orgulhoso do MMA, recebendo a alcunha de um dos criadores do Mixed Martial Arts – juntamente ao brasileiro Frederico LaPenda- pela mídia especializada norte-americana, e constantemente afirma que ”Nós mudamos o mundo”.
Já provou que entende de MMA e dá sugestões que visam à melhoria do esporte e diz que hoje investiria mais nas categorias amador e semi-profissional. Contudo, os créditos desta sua recente mudança sobre o esporte devem ser dados a Dana White.
* Texto do colaborador Oriosvaldo Costa
Redação, Rio de Janeiro
*Após completar 20 anos da realização do primeiro UFC - ocorrido em 12 de Novembro de 1993 – e muitos dos atuais fãs de MMA seguirem a corrente do ”Mito Zuffa “, em detrimento da gestão anterior, vou dedicar este artigo à apresentação dos verdadeiros pioneiros no quesito de empreendedorismo de MMA da era moderna, à época, ainda chamado de NHB (No Holds Barred).
A história tem sido particularmente injusta com estes dois nomes, e não podemos deixá-los cair no esquecimento: Art Davie e Bob Meirowitz. Art Davie é um executivo e publicitário que teve seu primeiro contato com as fitas “Gracie in Action” quando trabalhava para a conceituada revista Black Belt. Ele, então, fez parte da WOW (War of Worlds – título inicialmente cotado para o UFC) e que, obviamente, praticou Jiu-Jitsu com Rorion Gracie e conheceu John Milius, o diretor de filmes de ação que desenhou o formato do octógono para a primeira edição do UFC.
Art, Rorion e John seguiram com a ideia adiante mesmo depois das dispensas por parte da HBO e Showtime. Juntou-se ao trio ainda Campbell McLaren, até que eles se uniram à SEG (Semaphore Entertainment Group – criada no final de 1980 ), empresa co-criadora do Ultimate, já que este foi um dos primeiros grupos a desenvolver conteúdo para Pay-Per-View.
Art foi de suma importância, pois estava no comando do corpo de sanção do UFC pela UFA, visto que este não era sancionando pelas Comissões Atléticas Estaduais, e enquanto isso, eles chegaram a cogitar a realização do UFC 1 no Rio de Janeiro, mas acabaram optando pelo Colorado.
Já Robert “Bob” Meirowitz foi o criador do programa de rádio King Biscuit Flower Hour. Ele era o Presidente da SEG. O “Mito Zuffa” (leia-se Dana White e os irmãos Fertitta), do qual falei anteriormente, é uma tentativa de minimizar totalmente todas as etapas empreendidas por Bob para o desenvolvimento do esporte, já que este moveu todas as peças (inicialmente) para a sanção do evento pelas Comissões Atléticas Estaduais. Ele ainda era o dono quando o UFC 28, primeiro a ser sancionando por uma comissão – New Jersey State Athletic Control Board -, fato que o fez sonhar com as milionárias bolsas e apostas de Las Vegas.
Las Vegas, aliás, foi motivo também para o começo das discórdias entre Art e Bob. Cansado de esperar pela regulação do esporte pelas Comissões Atléticas, Art começou a armar a realização de lutas em Las Vegas com outro promotor para começar uma nova franquia à parte do UFC e foi sumariamente demitido por Bob, quando este tomou conhecimento do esquema.
A saída de Art, em dezembro de 1997, foi sentida até mesmo pelos políticos opositores do esporte – já que estes queriam regras -, e isso ficaria cada vez mais difícil longe de qualquer corpo de sanção. Como vingança por ter sido demitido, Art (que na época ficou taxado como o “Judas do UFC”), assinou com o K-1 (maior evento de trocação do planeta, cuja sede era no Japão), para ajudá-los a promover algumas edições em Las Vegas – a organização japonesa já visava ao mercado norte-americano.
Mas golpe baixo mesmo foi Art ter se aproveitado da morte de Douglas Dedge, em um evento em Kiev, na Ucrânia, para procurar vários programas da grande mídia, e bradar que tinha reconhecido que o UFC não era um esporte e deveria ser banido da América. (Na realidade o lutador Douglas Dedge não obtinha sua licença para lutar na América por seu histórico de desmaios e convulsões).
Contudo, por já não estar mais disponível em cerca de 80% do Pay-Per-View avaliável (um dos motivos da campanha anti-UFC na América à época ), a maior parte da grande mídia ignorou essa nova cruzada iniciada por Art Davie.
Mas não Bob Meyrowitz. Após rebater as acusações do seu outrora sócio, ele designou Jeff Blatnick como novo “commissioner” para enfrentar os problemas políticos e cuidar dos assuntos regulatórios. Foi Jeff – um campeão olímpico de Wrestling com muito prestígio no país – o primeiro a criar um órgão que daria uma nova cara ao esporte com a criação do Mixed Martial Arts Council.
Depois, a Zuffa comprou o UFC, e a história é bem conhecida por todos daí para a frente. O que poucos sabem é que em 1999 (portanto, ainda dono do UFC ) Meyrowitz criou a Eyada.com, a primeira estação de rádio pela internet na qual seu bom amigo Eddie Goldman – jornalista pioneiro na cobertura do UFC na América – tinha um programa de entrevistas totalmente dedicado ao MMA.
Reza a lenda que, após vender o UFC, Meyrowitz teria partido para Porto Rico ou Alabama para realizar competições de lutas bem longe da chancela das Comissões Atléticas Estaduais.
Mas ele voltaria atrás e trabalharia com as Comissões novamente, já que, no dia 11 de abril de 2008, realizou a única edição até hoje do seu novo evento público de MMA, o YAMMA Pit Combat.
Quanto a Art Davie, depois de ter pago o seu carma – foi confundido pelos fãs de MMA como Art Dore, fundador dos eventos Toughman -, tornou-se produtor executivo da Mandalay Sports Entertainment, em 2003, e virou vice-presidente de televisão da Paradigm Entertainment Group, em 2006.
Atualmente, seu novo empreendimento é o XARM – esporte híbrido que combina Luta de Braço e MMA. Ele voltou atrás com o UFC e se sente orgulhoso do MMA, recebendo a alcunha de um dos criadores do Mixed Martial Arts – juntamente ao brasileiro Frederico LaPenda- pela mídia especializada norte-americana, e constantemente afirma que ”Nós mudamos o mundo”.
Já provou que entende de MMA e dá sugestões que visam à melhoria do esporte e diz que hoje investiria mais nas categorias amador e semi-profissional. Contudo, os créditos desta sua recente mudança sobre o esporte devem ser dados a Dana White.
* Texto do colaborador Oriosvaldo Costa