O MMA É MENOS PERIGOSO DO QUE VOCÊ IMAGINA
Por Alexandre Matos
Apesar de impressionar pelo sangue, MMA não é tão perigoso quanto o boxe.
Apesar do crescente interesse do grande público pelo MMA, o esporte ainda sofre perseguições e acusações de ser uma atividade perigosa. Como alguns pouco informados dizem, uma “rinha de galos humana”.
Esta associação não poderia ser mais infeliz. Sem entrar no mérito que os pobres galos não têm livre arbítrio para participar ou não das rinhas (não há lutador que não queira estar no ringue, inclusive assinando um termo de responsabilidade em muitos casos), as acusações ao MMA são motivadas principalmente pela quantidade de sangue jorrado nos combates. Para os pouco afeitos às particularidades do MMA, esta é uma situação que assusta. Baseados nisto, muitos dizem que o MMA deveria ser banido por ser um esporte inseguro para os praticantes.
Os cortes que acontecem em lutas de MMA não são exclusividade dos esportes de combate. Não é raro vermos jogadores de futebol atuando com a cabeça enfaixada para estancar algum sangramento. As canelas destes atletas também vivem perfuradas ou rasgadas pelas travas das chuteiras de adversários. Assim como os cortes do MMA, todos estes machucados saram em alguns dias. Em alguns casos, apenas uma cicatriz fica de recordação, tanto para o lutador quanto para o futebolista.
Obviamente uma atividade que contempla golpes traumáticos como socos, chutes, cotoveladas e joelhadas em outrem não é exatamente das mais seguras. Porém as regras do MMA fazem com que o esporte não ocupe o primeiro posto no grau de periculosidade inerente aos esportes de combate.
Comparemos com o boxe ou as versões do kickboxing. Estes esportes são praticados apenas com golpes traumáticos. Já o MMA pode ter uma luta praticamente inteira realizada sem um único lançamento de golpe desta natureza, visto que movimentos de luta agarrada como jiu-jítsu, wrestling e judô são largamente utilizados nos combates de MMA. Ou seja, quedas, projeções, hiperestensões de articulação e imobilizações também são válidos no MMA sem que uma única gota de sangue seja despejada. Desde a implantação das Regras Unificadas do MMA, há pouco mais de dez anos, onze lutadores já venceram compromissos no UFC sem acertar um único golpe traumático sequer.
Outro ponto que a regra favorece o lutador de MMA é o clinch, ou seja, o momento em que os lutadores ficam agarrados. No boxe e no kickboxing, o clinch é proibido. Já no MMA não só é válido como é um artifício tático. Mesmo sendo possível aplicar golpes traumáticos no clinch, muitas vezes este tempo é travado em trocas de pegada (chamada de esgrima) visando projetar o oponente ao solo ou mantê-lo em posição defensiva na grade ou nas cordas.
O tempo de disputa também é outro fator que ajuda o MMA. Mesmo se um combate for travado sem nenhum momento de luta agarrada, ou seja, apenas disputado em trocas de golpes traumáticos, uma luta de MMA nunca passa de quinze minutos de duração (25 nos casos de disputa de cinturão). Isto representa cinco rounds numa luta de boxe. Combates entre boxeadores com experiência mínima são disputados em dez assaltos de três minutos (30 minutos de luta), enquanto disputas de cinturão são realizadas em 12 rounds de três minutos, perfazendo um total de 36 minutos de combate.
Esta diferença fica clara quando analisamos alguns números. Por exemplo, o recorde de golpes traumáticos lançados numa única luta de quinze minutos no UFC pertence ao peso meio-médio americano Nick Diaz. No combate contra BJ Penn, em outubro de 2011, Diaz acertou seu oponente 178 vezes. Já no boxe, lutas em que pugilistas chegam a sofrer mais de 200 golpes contundentes numa única noite são comuns. Para efeito de comparação, o boxeador mexicano Antonio Margarito foi alvejado em 474 oportunidades por Manny Pacquiao.
Ainda não há tempo suficiente de disputa regulamentada de MMA para uma análise estatística dos danos causados aos lutadores. Sequer há ainda uma geração de lutadores de MMA aposentados – os que já se retiraram vieram de outras atividades como kickboxing ou muay thai, antes de migrar para o MMA. Portanto, ainda não há base estatística para analisar a incidência de dementia pugilistica (doença neurodegenerativa comum em lutadores de boxe/kickboxing, causada pelo excesso de golpes contra a cabeça) em lutadores de MMA.
Apesar de impressionar pelo sangue, MMA não é tão perigoso quanto o boxe.
Apesar do crescente interesse do grande público pelo MMA, o esporte ainda sofre perseguições e acusações de ser uma atividade perigosa. Como alguns pouco informados dizem, uma “rinha de galos humana”.
Esta associação não poderia ser mais infeliz. Sem entrar no mérito que os pobres galos não têm livre arbítrio para participar ou não das rinhas (não há lutador que não queira estar no ringue, inclusive assinando um termo de responsabilidade em muitos casos), as acusações ao MMA são motivadas principalmente pela quantidade de sangue jorrado nos combates. Para os pouco afeitos às particularidades do MMA, esta é uma situação que assusta. Baseados nisto, muitos dizem que o MMA deveria ser banido por ser um esporte inseguro para os praticantes.
Os cortes que acontecem em lutas de MMA não são exclusividade dos esportes de combate. Não é raro vermos jogadores de futebol atuando com a cabeça enfaixada para estancar algum sangramento. As canelas destes atletas também vivem perfuradas ou rasgadas pelas travas das chuteiras de adversários. Assim como os cortes do MMA, todos estes machucados saram em alguns dias. Em alguns casos, apenas uma cicatriz fica de recordação, tanto para o lutador quanto para o futebolista.
Obviamente uma atividade que contempla golpes traumáticos como socos, chutes, cotoveladas e joelhadas em outrem não é exatamente das mais seguras. Porém as regras do MMA fazem com que o esporte não ocupe o primeiro posto no grau de periculosidade inerente aos esportes de combate.
Comparemos com o boxe ou as versões do kickboxing. Estes esportes são praticados apenas com golpes traumáticos. Já o MMA pode ter uma luta praticamente inteira realizada sem um único lançamento de golpe desta natureza, visto que movimentos de luta agarrada como jiu-jítsu, wrestling e judô são largamente utilizados nos combates de MMA. Ou seja, quedas, projeções, hiperestensões de articulação e imobilizações também são válidos no MMA sem que uma única gota de sangue seja despejada. Desde a implantação das Regras Unificadas do MMA, há pouco mais de dez anos, onze lutadores já venceram compromissos no UFC sem acertar um único golpe traumático sequer.
Outro ponto que a regra favorece o lutador de MMA é o clinch, ou seja, o momento em que os lutadores ficam agarrados. No boxe e no kickboxing, o clinch é proibido. Já no MMA não só é válido como é um artifício tático. Mesmo sendo possível aplicar golpes traumáticos no clinch, muitas vezes este tempo é travado em trocas de pegada (chamada de esgrima) visando projetar o oponente ao solo ou mantê-lo em posição defensiva na grade ou nas cordas.
O tempo de disputa também é outro fator que ajuda o MMA. Mesmo se um combate for travado sem nenhum momento de luta agarrada, ou seja, apenas disputado em trocas de golpes traumáticos, uma luta de MMA nunca passa de quinze minutos de duração (25 nos casos de disputa de cinturão). Isto representa cinco rounds numa luta de boxe. Combates entre boxeadores com experiência mínima são disputados em dez assaltos de três minutos (30 minutos de luta), enquanto disputas de cinturão são realizadas em 12 rounds de três minutos, perfazendo um total de 36 minutos de combate.
Esta diferença fica clara quando analisamos alguns números. Por exemplo, o recorde de golpes traumáticos lançados numa única luta de quinze minutos no UFC pertence ao peso meio-médio americano Nick Diaz. No combate contra BJ Penn, em outubro de 2011, Diaz acertou seu oponente 178 vezes. Já no boxe, lutas em que pugilistas chegam a sofrer mais de 200 golpes contundentes numa única noite são comuns. Para efeito de comparação, o boxeador mexicano Antonio Margarito foi alvejado em 474 oportunidades por Manny Pacquiao.
Ainda não há tempo suficiente de disputa regulamentada de MMA para uma análise estatística dos danos causados aos lutadores. Sequer há ainda uma geração de lutadores de MMA aposentados – os que já se retiraram vieram de outras atividades como kickboxing ou muay thai, antes de migrar para o MMA. Portanto, ainda não há base estatística para analisar a incidência de dementia pugilistica (doença neurodegenerativa comum em lutadores de boxe/kickboxing, causada pelo excesso de golpes contra a cabeça) em lutadores de MMA.